4 de janeiro de 2014

O Mordomo da Casa Branca (2013)

O novo filme de Lee Daniels exagera na construção de seu personagem, a ideia de criar uma cinebiografia histórica transformou a obra em ficção estórica, a demasia em alterar os fatos reais em prol do personagem foi tamanha que a película pode ser comparada com Forrest Gump sem exageros. A história do mordomo que serviu a Casa Branca entre 1952 e 1986, é baseada em Eugene Allen, que de semelhança com o longa só possui a cor negra e o tempo de trabalho, praticamente todo o resto foi criado para enaltecer a obra dentro da história. Mas até que ponto o contexto histórico é mais importante que a própria história de quem se descreve?
Eugene Allen morreu aos 90 anos em março de 2010, teve apenas um filho e não dois como na obra de Daniels, sua esposa Helene faleceu em 2008, um dia antes da eleição presidencial que elegeria Barack Obama como o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos. O roteiro escrito por Danny Strong foi baseado em um artigo do Washington Post de 2008, mas a importância do mordomo na história do país e os fatos de sua própria vida foram hiperbólicos.

Forest Whitaker
Interpretado brilhantemente por Forest Whitaker, Eugene recebeu o nome de Cecil Gaines e ainda criança conheceu a ira que norteava a relação entre brancos e negros, a década de20 estava sendo aquecida para a efervescência das próximas décadas em que Gaines presenciou as mudanças políticas dentro da Casa Branca.

Em The Butler (O Mordomo da Casa Branca no Brasil; O Mordomo em Portugal) Gaines perde o pai cedo e abandona a mãe mais tarde, situações que não ocorreram com Allen. Em seu trabalho na Casa Branca ele rapidamente começa a servir os presidentes, entre eles Eisenhower (Robin Williams), John Kennedy (James Marsden), Richard Nixon (John Cusack) e Ronald Reagan (Alan Rickman). Ele participa de reuniões importantes da Casa Branca e é sugerido pelo roteiro que a proximidade de Gaines com os presidentes foi além da relação trabalhista, ele figura como amigo íntimo no qual os presidentes confiavam alguns segredos e eram influenciados em grandes decisões pelo mordomo. A presença de Gaines na Casa Branca foi superestimada justamente no momento em que o povo revoltoso pela guerra contra os negros elegia Martin Luther King como “salvador” e Gaines como agente passivo de mudanças na política dos Estados Unidos.

Oprah e Forest
Para aumentar o drama e sensibilização do longa os dois filhos de Gaines foram inseridos em momentos cruciais da história do país, um foi morto em combate no Vietnã e o mais velho, que possuía uma relação com o pai fragmentada e mal explicada pelo roteiro, foi um discípulo do Dr. King e seguiu a sombra do líder em prol da igualdade racial.

O filme divide opiniões, enquanto ficção The Butler funciona perfeitamente, mas ficou extremamente carente como fonte de biografia e fatos reais. Forest Whitaker e Cuba Gooding Jr., que vive o chefe dos mordomos de fala rápida e cativante, destacam-se em seus papéis seguros e precisos. O filme ainda conta com um elenco estelar, mas quem rouba a cena, sem dúvida, é Oprah Winfrey, a atriz e apresentadora representou Helene, esposa de Gaines de forma fantástica e é uma das favoritas para a disputa do Oscar 2014.


Confira o trailer:


Sendo ficção ou estória o filme é emocionante e decepcionante ao mesmo tempo, mas deve agradar ao público norte americano pelo apelo patriótico e retrato humanista de uma das mais vergonhosas épocas do país.

E que o cinema esteja com vocês!

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