26 de setembro de 2013

Dexter – Remember the Monsters?

Quantas vezes paramos para pensar sobre nossa vida, nossas escolhas e aonde elas nos levaram. Os motivos que nos movem à esta introspecção são muitos, geralmente grandes perdas geram grandes abismos em nossa realidade. Quantas coisas poderíamos ter feito de forma diferente e quão difícil é lidar com as consequências de nossos atos. Toda essa filosofia é o que restou de Dexter. Aos fãs acostumados com seus valores morais e éticos que transformavam a sociedade em meros cães de estimação escravos da ração capitalista e completamente alienados por seus desejos impossíveis de serem realizados, encontraram nesta última temporada um Dexter ainda mais relapso e amolecido. Ele tornou-se humano, demasiadamente humano!

O começo foi instigante, o episódio inicial bateu todos os recordes de audiência do seriado, mas o desenrolar da trama se perdeu em pontas soltas de temporadas anteriores, o que a transformou em um cemitério de lembranças, com a ressurreição de velhos fantasmas. Mas, até nesse aspecto a série deixou “rabos”, quem não se lembra da Lumen, interpretada pela bela Julia Stiles? Ao término da sexta temporada ela vai embora levando consigo os segredos de Dexter, Stiles foi cogitada para retornar e “encerrar” sua história, no entanto, foi ignorada. Hannah McKay, vivida pela não menos bela Yvonne Strahovski, foi presa na sétima temporada e também levou consigo os segredos de Dexter. Na última temporada voltou para aparar as arestas de sua passagem. Era um sinal da decadência do seriado. Dexter estava apaixonado! E a temporada chegou a parecer novela mexicana, encontros e desencontros e o que mais se via eram casais felizes. Triste realidade de séries que se estendem por muito tempo e não conseguem manter o mesmo nível do início.

Dra. Vogel e Hannah McKay
No decorrer das temporadas é possível notar um enorme esforço para aproximar Dexter de um humano comum, normal, não mais um serial killer com valores morais que matava seguindo um código de ética, semelhante, ironicamente, ao que os médicos utilizam para salvar vidas. O ápice desse esforço se dá nesta derradeira temporada, a introdução da Dra. Vogel que, de repente, se torna quase uma mãe para ele, psicanalista que realiza experimentos com Dexter e tenta provar a si mesma que todas as anomalias psíquicas seguem um padrão (the code?), mas a triste verdade para ela é que os humanos tendem a escrever a própria história sempre de forma diferente, com ele também foi assim. E lá se foi o Dexter insensível aos sentimentos, mas extremamente focado no comportamento e convívio sociais, que criou dois lados do mesmo mal e se pôs do lado bom de sua maldade. E lá se foram todas as filosofias de um serial killer anti-herói que merecia ser o contrário. Lá se foi o Dexter.


O canal dos Estados Unidos Showtime, abre espaço para Homeland, como é de se notar pela antecipação de Dexter, o que pode ser uma das desculpas para o final tão fraco e decepcionante. Para todos os fãs que cultuaram Dexter Morgan como um herói, o fim de seu personagem deveria ao menos tentar deixar essa impressão e não forjar um rótulo em uma embalagem qualquer. Após oito anos ele envelheceu, perdeu sua perspicácia e acurácia com que lidava com suas investigações particulares, faltou amor, algo que ele nem sabia que existia, mas que empregava com perfeição. Dexter amoleceu, deixou de pensar, deixou de ser ele mesmo. Qualidade rara e que torna as pessoas únicas. Perdeu sua frieza, deixou de ser calculista, tornou-se apenas... humano, demasiadamente humano. Parafraseando Nietzsche: aquele que luta com humanos deve ter muita cautela para que não se transforme no alvo de sua própria luta. Remember the monsters?

Goodbye Dexter!

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