5 de março de 2013

Um Drink no Inferno (1996)


Meu primeiro contato com o cinema de Quentin Tarantino foi em 1998 quando, em um dos arroubos de rebeldia adolescente, matei aula com um grande amigo colega de classe. Ele tinha alugado o VHS de Um Drink no Inferno (From Dusk Till Dawn) e o vira por três vezes seguidas, como qualquer coisa era melhor que a escola fui a sua casa para assistir o filme que havia se tornado a sensação dos “caras maus”. Na época eu não tinha noção de quem era Tarantino, Robert Rodriguez ou Harvey Keitel e só conhecia George Clooney de Plantão Médico que era exibido na hora mais tardia que eu ousava ficar acordado. Nesse instante eu compreendi que um filme de Tarantino nos faz emergir de suas imagens de alma lavada e por mais que a violência seja exagerada é inegável a camuflagem para a ironia e a casualidade retratadas.

Irmãos Gecko
Com direção de Robert Rodriguez e roteiro de Quentin Tarantino Um Drink no Inferno lançou a carreira de George Clooney no cinema. Vivendo o protagonista ladrão de bancos e assassino Seth Gecko, sua atuação não se parece com a de um ator semi desconhecido do grande público, mas sim a de um concorrente ao Oscar. Claro que guardadas as devidas proporções, a produção do filme não é grandiosa como as que estão acostumados nos dias de hoje após se consagrarem no cinema. Já Tarantino mostrou a morbidez de sua mente insana em sua atuação, ele vive o irmão de Seth, Richard Gecko, que além de ladrão e assassino é estuprador e deixa a violência de seu irmão no chinelo. Seu personagem é um meio termo entre irracionalidade e insanidade demonstradas perfeitamente.

Família Fuller
Harvey Keitel vive um pastor no momento em que sua fé é posta a prova. Ele e a família, Kate e Scott Fuller (Juliette Lewis e Ernest Liu), são sequestrados pelos irmãos Gecko que estão indo para o México. Aqui podemos notar um pouco da filosofia Tarantinesca, um pastor que questiona sua fé vendo-se a mercê de psicopatas que acabaram de matar a antiga refém que não tinha nada a ver com nada, mas estava no lugar errado e na hora errada (acaso). Tudo isso assusta o grande público, mas esta casualidade vende jornais e é mostrada na TV enquanto tomamos nosso café da manhã.

Confira o trailer:

A primeira parte possui um bom andamento e um roteiro que funciona, a segunda perde um pouco de qualidade, mas consegue se ligar à primeira de forma coesa. Aqui somos apresentados ao bar mexicano Titty Twister um típico ponto de encontro de beira de estrada para motoqueiros e caminhoneiros, com suas vestimentas de couro e tatuagens de mulheres nuas, aliás, as mulheres são o maior atrativo do lugar. O barman é o frequente colaborador de Robert Rodriguez, Danny Trejo e a atração principal outra velha conhecida dele, Salma Hayek, que sensualiza os irmãos Gecko e incita ciúmes na jovem Kate – Juliette Lewis ainda possuía traços de adolescente.


O que se segue é um banho de sangue com a cara de Tarantino, mas à maneira de Rodriguez, com humor e explosões sem deixar de lado as tradicionais vinganças do roteirista. Não foi um trabalho primoroso do realizador de Pulp Fiction, mas é uma obra enxuta com começo, meio e fim interligados de forma segura e criativa. Vale assistir pela atuação doentia de Tarantino e por se tratar do próprio Quentin Tarantino.

E que o cinema esteja com vocês!


2 comentários:

  1. Um dos meus favoritos, Quentin Tarantino é um mestre do estilo.

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    1. Vou adiantar que para os próximos dias será postado a crítica de Pulp Fiction em O Cinematógrafo. Espero fazer jus ao filmaço que ele é. A crítica faz parte do comparativo entre Forrest Gump e o longa de Tarantino e claro, trará informações sobre o segundo filme de um dos grandes diretores em ascensão do cinema atual. Abraço!

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