24 de fevereiro de 2013

Argo (2012)


Quando tinha oito anos de idade Ben Affleck conheceu Matt Damon, que na época tinha apenas dez anos. Daí surgiu uma das amizades mais duradouras do cinema que lhes renderia, em 1998, o Oscar de melhor roteiro original pelo filme Gênio Indomável. Acompanho o trabalho dos dois desde então. Affleck iniciou sua carreira de diretor há alguns anos e chega a seu ápice com Argo. O filme tem tudo para ser um clichê, uma história forçada que exalta o orgulho de qualquer estadunidense. O filme tem tudo para ser um clichê... Se não fosse uma história incrivelmente real com uma direção genial.

Ben Affleck
Argo é meu favorito para o Oscar e Affleck também o era como diretor antes das indicações, ou melhor, da esnobada da Academia. O clima do filme merece destaque. A tensão impera do início ao fim e é quebrada volta e meia por canções de rock and roll, como Dire Straits e Led Zeppelin. Ouso comparar essa tensão com a de O Iluminado, pode parecer exagero, mas não duvido que daqui a alguns anos Ben Affleck seja comparado a Stanley Kubrick como um dos diretores mais injustiçados da história do Oscar. Ao menos como diretor ainda não será nessa noite que ele triunfará e aguardarei o desfecho desse roteiro com o mesmo interesse que despendi em Argo. Que, aliás, possui um final que incita ainda mais a realidade da história. Parecemos suar com os personagens e compartilhar da mesma aflição como se fôssemos nós na pele de cada um deles. Outro mérito à direção de Affleck o realismo cada vez mais raro nas produções cinematográficas.

O roteiro escrito por Chris Terrio que desponta com favoritismo entre os melhores adaptados do ano de 2012, não deixa brechas para piscar os olhos. É como ler um romance de Agatha Christie em que cada palavra vale uma pista sobre o assassino. A abertura do filme já nos põe no meio do turbilhão iraniano que ocorreu no fim de 1979 após a extradição do ex-governador Mohammad Reza Pahlavi para os Estados Unidos. O povo do Irã em represália invadiu a embaixada dos EUA, durante a invasão seis diplomatas fugiram e se refugiaram na casa do embaixador do Canadá. Quando os rebeldes se deram conta do desaparecimento dos diplomatas todo o país foi fechado e a segurança redobrada, se fossem descobertos seriam torturados até a morte. Eis a questão: como tirá-los em segurança de um país do Oriente Médio com predileções ao terrorismo?
John Goodman

A resposta foi dada pelo agente da CIA Tony Mendez (Ben Affleck). Sua proposta nada convencional e completamente ficcional sugeria a filmagem de uma ficção científica que usaria os seis diplomatas como equipe cinematográfica da produção. E ia mais além, o renomado maquiador e vencedor do Oscar John Chambers (John Goodman) participaria de seu plano criando um escritório e parceiros para o longa, como o ator Lester Siegel (Alan Arkin) que conseguiria patrocínio e propagandas para tornar toda a proposta incrivelmente real e difícil de acreditar. Na mitologia grega Argo é a embarcação construída com a ajuda de Atena para que Jasão e os argonautas viajassem. Essa descrição mitológica não deixa de ser contextualizada no longa, não sei se por coincidência ou inspiração.

Alan Arkin
A produção em parceria com George Clooney, que acertou a mão após filmes em que roteirizou, como Boa Noite e Boa Sorte (2005) e Tudo Pelo Poder (2011) o qual também produziu e dirigiu, surge como uma personalidade em ascensão, igualmente como Affleck, que produziu, dirigiu e atuou em Argo. A seriedade e calma de seu personagem Tony Mendez, o qual serviu de inspiração para o roteiro com o livro Master of Disguise: My Secret Life in the CIA, pode ser interpretada como genial ou mediana, o certo é que sua direção está impecável e pode levá-lo a bater os geniais As Aventuras de Pi e Lincoln, que em minha opinião são os melhores que concorrem ao prêmio de melhor filme, além desse premio o longa concorre em outras seis categorias, entre elas melhor ator coadjuvante para Alan Arkin.  Venceu o Globo de Ouro e o BAFTA de melhor filme e diretor. Logo mais tiraremos nossas conclusões a cerca de Argo e do futuro de Ben Affleck na cinematografia.

Confira o trailer:

E que o Oscar esteja com vocês!

2 comentários:

  1. Também é meu filme favorito.

    Affleck cresceu muito como diretor. Só não digo que o filme é perfeito por ele ainda teimar em ser protagonista. Se ficasse somente atrás das câmeras e tivesse deixado a atuação para Damon, por exemplo, teriamos um filme inesquecível...... para sempre.


    abs

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